Hoje pela manhã acordei com a triste notícia do falecimento de
Francisco Basil de Oliveira, octogenário ferreiro, que, até os últimos dias de
vida, em Várzea Alegre, com simplicidade, desenvoltura e o mesmo bom humor, contou sucessos e
percalços do homem sertanejo.
Chico Basil apresentava suas histórias com a precisão e a força que forjava o
ferro batido na bigorna, fazendo a palavra falada soprar do fole e alimentar a
nossa imaginação como acendia a brasa no forno a lenha da oficina.
Na última vez que o encontrei, conversamos no
banco do calçadão Antônio Alves Costa, na sombra de um frondoso pé de algodão. Chico, olhando os velhos amigos caminhando pela praça com dificuldade, dada a rigidez articular adquirida com
o tempo, disse:
- Flavin, quando a gente
fica véi devia servi no quartel.
Esperando uma das suas originais comparações, indaguei:
- Por que Chico?
Mesmo debilitado por conta de sério comprometimento renal, o
ferreiro não perdia a capacidade para retratar com espirituosidade os
obstáculos surgidos com o tempo:
- Pode repará os véi. As perna fica dura, as dobradiça do joei enferruja,
o caba anda é machano que nem sorné*.
* sorné = soldado
(imagem Google)