Zé
Lins, conhecido vendedor de limão, morou por muitos anos de anos no sítio
Baixio de Antônio Primo, em Várzea Alegre. Disposto trabalhador rural, vez ou
outra apresentava problemas psiquiátricos.
Certa vez, na década de 1970, Zé Lins surtou e pôs na cabeça que era um caroço de milho. Preocupados, amigos e familiares levaram o agricultor para uma consulta na Casa de Saúde São Raimundo Nonato. O experiente médico Pedro Sátiro conversou demoradamente com o agricultor e o convenceu de que não era um grão de milho. O médico insistiu com o paciente:
- Zé, você tem pernas, tem braços, tem corpo, tem cabeça. Você não é um caroço de milho, você é um homem, Zé. Um homem de bem, trabalhador. Tá convencido, Zé ? O que você é?
O agricultor cearense, saindo do consultório, falava sem parar:
- Eu sou um homi, num sou mi não, dotô. Sou é homi, sou homi...
- Eu sou um homi, num sou mi não, dotô. Sou é homi, sou homi...
Passados alguns minutos, a recepcionista do hospital entrou inesperadamente na sala do médico e falou:
- Doutor Pedro, o paciente que saiu agora há pouco tá em cima do muro do hospital e não tem quem faça sair de lá...
O médico deixou o estetoscópio sobre a mesa e seguiu rapidamente pra frente da Casa de Saúde. Ali encontrou o agricultor de cócoras em cima do muro e falou:
- Zé Lins, você não me disse que estava convencido que não era um caroço de milho, homem ?
Assustado, apontando para o grande quintal de uma casa vizinha hospital, ponderou:
- Dotô Pedo, eu acho que sou um homi, sou um homi. E aquele galo carijó
de seu Totô, será que ele num pensa que
sou um caroço de mi, não?
Colaboração: Cicero Lisboa
(imagem Google)