Desde criança, lá pelas bandas do sertão cearense, escutei uma
interessante história, narrada inicialmente por seu Alberto, empregado do meu
avô materno.
Aquele humilde homem, de mãos calejadas pela dura vida de lavrador, nos
intervalos de sua faina diária, falava sobre a existência de um reino distante,
onde habitava uma linda princesa. Uma donzela, plena de virtudes e beleza, que
ansiosa, de braços abertos, aguardava a chegada do seu príncipe, o próprio
Alberto.
Além de possuir o coração da linda herdeira, seu Alberto também era
proprietário de uma pedra de ouro. Não se tratava de uma pedrinha ou de uma
pepita qualquer, era uma pedra imensa, gigantesca, a Pedra de Clarianã.
Toneladas e toneladas de ouro maciço, pertencente a seu Alberto.
A fortuna em metal precioso transformava aquele pobre agricultor no homem mais rico
da terra. Tamanha propriedade também espantava qualquer
dúvida sobre a existência do amor distante. Claro que havia uma linda princesa
encastelada, esperando a chegada do príncipe Seu Alberto.
A rica imaginação do modesto homem habitou por muito tempo a fantasia de inúmeras
crianças. Eu, mesmo não ouvindo a história contada diretamente por seu Alberto, também viajei na lúdica narrativa da enorme pedra de ouro e da bela
princesa.
Outro dia, por acaso, descobri que realmente existe uma pedra enorme com
nome parecido, cantada por poetas populares: A Pedra do Claranã, localizada no outro lado da chapada do Araripe,
no sertão pernambucano, no município de Bodocó.
Não sei se a pedra de Bodocó tem toneladas de ouro ou se naquele sertão
existe um reino com bela princesa. Porém, ninguém duvida que seu Alberto e as
crianças que ouviram aquela história jamais perderam a esperança de encontrar a
verdadeira Pedra de Clarianã.
Lúdicas histórias, com reinos, castelos, princesas e fortunas sugerem um
final feliz. Nós todos ainda encontraremos a verdadeira pedra de Seu Alberto.
*Postagem número
1, publicada originalmente em 21 de fevereiro de 2009
(imagem
Google)
Muito bom!
ResponderExcluir